Publicado por: Belgica Soares | 06/15/2013

Em busca da minha I-D-E-N-T-I-D-A-D-E de Educadora


Olá amigo leitor, tudo na paz?

Estes dias de luta pelo RECONHECIMENTO PEDAGÓGICO do ADI, do qual venho sempre trazendo alguns artigos aqui e na minha página do Face, me passou uma pergunta pela cabeça… Você acha este trabalho:

Imagem da Internet

Imagem da Internete

Igual a este?

Imagem da Internet

Imagem da Internet

A prefeitura da cidade do Recife acha!

Não está entendendo? Eu explico.

Em 2006 a PCR abriu um concurso público com 500 vagas para a criação do cargo de ADI – os AUXILIARES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL – que teriam entre suas atribuições trabalhar nas salas de aula das Creches e CEMEI’s desta cidade. Até ai, tudo estaria bem, se não fosse pelo enquadramento que eles deram a estes profissionais : ADMINISTRATIVOS. Você acredita? Eu também não. Estes profissionais que estão em salas de aula há quase 7 anos NÃO SÃO RECONHECIDOS pelo seu trabalho pedagógico.

É bem verdade que este cargo surge pra cobrir um déficit na Educação Infantil, que diga-se de passagem foi resolvido (em partes), pois eles dão continuidade ao trabalho educacional quando há ausência dos professores, seja pelas inúmeras licenças médicas, férias de julho – chamada carinhosamente de “recesso escolar” – para planejamento, reuniões, assembleias, etc… O mais chocante é a carga horária que estes profissionais cumprem: de 40 horas semanais… Normalmente, qualquer um diria: “mas tem professor que dá aula em 2 ou 3 lugares diferentes“; e eu diria: “certo“… Tudo certo, se não fosse a diferença salarial. Um professor de Creche recebe nesta mesma instituição, um salário de R$1.213,61 – por 29 horas semanais, enquanto um ADI recebe R$746,39 por 40 horas semanais trabalhadas. Ficou chocado? Então, some a isso tudo um trabalho em que você está sentado o dia todo no chão, pois as salas de Educação Infantil não possuem cadeiras nem mesas, dando banho em 15 crianças em banheiros ainda não adequados, em prédios adaptados, sem ventiladores ou material suficiente, sentando e levantando umas 40 vezes por dia, ufa… Cansou? Eu cansei só de lembrar (rsrsrsrsrs)

Muitos questionamentos vem sendo levantados em relação ao nosso trabalho, até ouvi de alguém que o que fazemos não é educacional pois, dar banho, alimentar e cuidar de forma mais geral é administrar o tempo… Não acredito que num país que diz tanto valorizar a educação, de discursos que falam em período de eleições sobre a importância de espaços educacionais e valorização dos profissionais de educação alguém ainda acredite neste tipo de argumento… Fico mesmo sem resposta, pois é a mesma coisa de dizer que Creche é essencial pois, sem ela as crianças não comem (justificativa usada na idade média), será preciso dar uma aula pedagógica a estas pessoas pra que elas entendam que Creche deixou de ser assistencial e passou a ser educacional, há muito tempo? Afinal, o cuidar e o educar são entendidas pela própria LDB como indissociáveis no trabalho pedagógico.

Diante de tudo isso, é muito fácil pra mim responder a você leitor o porquê de mesmo depois de tudo que descrevi, depois de quase sete anos, um problema de coluna e muitas decepções com gestores – professores e sociedade que não valorizam este lindo trabalho que desenvolvemos eu ainda continuo exercendo esta função. Por que eu acredito no trabalho que desenvolvo todos os dias ao lado dos meus companheiros, crianças e famílias do CEMEI que estou lotada. EU AMO MEU TRABALHO, mas eu aceito um salário digno e condições melhores, e você… Qual a sua opinião?

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Texto: Bélgica Soares

Fotos: Internete e George Barreto


Respostas

  1. Parabéns Belgica!
    Acredito que a nossa luta precisa ser apresentada a sociedade assim como você fez nesse artigo!
    Também sou uma das pessoas que não me conformo com essa situação e tento registrar essa nossa história de luta e resistência levando para a academia as questões que envolvem o ADI. Registro a nossa luta através de pesquisa acadêmicas, artigos e trabalhos apresentados em congressos.
    E é esse o caminho, escrever, mostrar a sociedade o que acontece com a Educação Infantil no município do Recite.
    Vamos juntos nessa luta pelo reconhecimento pedagógico!

  2. De acordo com a LDB, para realizar a atividade de ensino é necessário, no mínimo, curso de nível médio denominado normal médio (antigo magistério) pelo o edital que regeu este cargo, no passado, o requisito seria a conclusão de ensino médio (este engloba o normal superior, o antigo científico e os demais ensino médios profissionalizantes), ou seja, não se exigiu profissionais, exclusivamente, preparados para a área educacional.

    • É isso mesmo companheiro Robson Costa. Mas, você sabia que a PCR mudou a lei e o edital que criava o cargo cerca de quinze dias antes de lançá-lo. Tirava o cargo do nível pedagógico e colocava no nível administrativo, apenas pra reter custos e não dar plano de cargos e carreiras a estes profissionais. Hoje lutamos pelo RECONHECIMENTO PEDAGÓGICO DESTES PROFISSIONAIS, UM PLANO DE CARGOS E CARREIRAS QUE CONTEMPLE A FORMAÇÃO DELES E SALÁRIO DIGNO.
      Obrigada por ler o meu Blog e por sua valoriza contribuição, sinta-se a vontade de voltar sempre e deixar suas opiniões, um abraço

  3. Eu acredito na nossa profissão e no trabalho que desenvolvemos com as crianças. E espero que nosso trabalho seja reconhecido e a educação infantil valorizada de fato e não apenas no discurso. Engraçado que parece que nossa demanda é nova, mas o fato é que desde desde o século XVIII com as teorias de Froebel e os jardins-de-infância que é conhecida o papel pedagógico de quem lida com a pequena infância… Nossas demandas chegam a ser uma obviedade que só a prefeitura teima em não reconhecer por motivos pecuniários!!!

  4. A contribuição desses profissionais são imensuráveis para educação infantil,considera-los como administrativos é roubar a infância e permitir que educação se faça administrando pessoas???ilógico…

  5. Parabéns pelo texto e pela luta de vocês. A função das ADIs é sim, uma função pedagógica. Sou professora e compartilhei este texto, que está muito bem escrito e esclarecedor, no FACEBOOK.

    • Obrigada Rejane. Somos companheiros de luta, e isso precisa ficar claro pra todos da cidade.
      ADI não quer ser professor – tá longe disso, mas quer seu reconhecimento e salário digno.
      Sinta-se á vontade pra voltar quando quiser, pois nossa luta por uma educação de qualidade está longe de acabar.
      #vemprarua #ogiganteacordou #verásqueumfilhoteunãofogealuta #issoébrasil #8horasnuncamais


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